News

Wednesday June 25, 2008


A Satanic Joke

By Olavo de Carvalho

Translated from the Portuguese by Matthew Cullinan Hoffman

The other day a friend asked me if I had noticed that, within a single generation, forms of conduct described by psychiatry as neurotic or even psychotic have become accepted as normal. Not just normal – I responded – but normative, laudable, and obligatory. The next steps are: (a) marginalize and criminalize every reaction of revulsion, (b) make revulsion psychologically impossible, expelling it from the repertoire of conduct admitted by society.

Only unconcealed paranoia could allow, for example, a country where there are 50,000 homicides every year, spread over the whole territory of eight and a half million square kilometers, to describe the murder of 120 homosexuals as a wave of homophobic genocide. However, it is only necessary for someone to appeal to such a statistical comparison and instantly, among cries of revulsion and tears of indignation from the crowd, he is accused of homophobia and of being an apostle of genocide. The idea of comparing the number of gays who are murdered with those who are murderers, scientifically indispensable for distinguishing between a threatened group, a threatening group, and a group that is neither one or the other, ends up being so offensive that the mere temptation to suggest it is sufficient for one to be prosecuted for homophobia, without the law even having to prove it.

Likewise, Mr. Luiz Mott alleges as proof of generalized anti-homosexual hatred, some ninety cases of aggressions against homosexuals that have occurred in the space of four months in São Paulo, but who dares to compare that number with the number of aggressions committed by the very gay militants themselves in only one day of the Gay Parade in the same city? Applying the statistical criteria of Mr. Mott, we would say that gays are a danger to the public. The conclusion is absurd, but no more absurd than claiming that they themselves are in danger.

A sense of proportion being prohibited, and the hysterical posturing and hyperbolic paranoia in favor of interest groups become absolute civic obligations. Insanity becomes obligatory, and whoever refuses to be contaminated by it is a criminal, a reprobate, a lunatic who is unable to live in society.

The President of the Republic recently participated in emergency forums regarding this psychotic stupidity, declaring that any and all opposition to homosexualism is “the most perverse illness that ever entered the human mind”.

He reinforces his words, insisting in appearing in official ceremonies with Mr. Luiz Mott at his side, the same individual who talks about pornographic art while embracing the statue of a naked baby of the male sex, transmitting in a not at all subtle manner the idea that babies are, or should be made into, objects of sexual desire like anyone else (if you don’t believe it, verify it at https://www.youtube.com/watch?v=FlmfZdyk2YA).

The propaganda of pedophilia is more than evident here, but, upon decorating Mr. Mott for “cultural merit” (as if he himself had merit or culture), Mr. Lula throws all of the weight of his presidential authority in a cynical bluff that forces us to deny what we see, and to believe instead the official pretense of elevated humanitarian and cultural intentions. There is no greater arrogance than demanding that a human being sacrifice his conscience, his intelligence, and even his capacity of sense perception on the altar of the absurd. “In the end, who are you going to believe, me or your own eyes,” Groucho Marx used to ask. When the joke is transformed into reality, humor becomes a satanic farce.

Totally oblivious to the grotesque nature of his performance, the lunatic ascends the chair and gives lessons in psychiatry, categorizing as “sick” those who think there is something wrong about eroticizing an image of a baby, and even proposing, as therapy, to imprison all of them.

And there are those who think that it is possible to have a rational, polite discussion with people like Messrs. Lula and Mott…

Originally published in Jornal do Brasil, June 12, 2008
Translated and published with permission of the author.

Portuguese Original:

Piada satânica

Olavo de Carvalho

Outro dia um amigo meu me perguntou se eu não havia reparado que, no intervalo de uma geração, condutas descritas pela psiquiatria como neuróticas e até psicóticas passaram a ser aceitas como normais. Não apenas como normais – respondi -, mas como normativas, louváveis e obrigatórias. Os passos seguintes são: (a) marginalizar e criminalizar toda reação de repulsa; (b) tornar a repulsa psicologicamente impossível, expelindo-a do repertório das condutas admitidas na sociedade.

Só a paranóia indisfarçável permite, por exemplo, que, num país onde ocorrem 50 mil homicídios por ano, os assassinatos de 120 homossexuais, espalhados ao longo de um ano num território de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, sejam descritos como uma onda genocida homofóbica. No entanto, basta alguém apelar à comparação estatística e instantaneamente ele mesmo, entre gritos de revolta e lágrimas de indignação da platéia, é acusado de homofóbico e apóstolo do genocídio. A hipótese de confrontar o número de gays assassinados com o de gays assassinos, indispensável cientificamente para distinguir entre um grupo ameaçado, um grupo ameaçador e um grupo que não é nem uma coisa nem a outra, acabou por se tornar tão ofensiva que a mera tentação de sugeri-la já basta para você ser processado por homofobia, antes mesmo de haver lei que a proíba.

Mutatis mutandis, o sr. Luiz Mott alega como prova do ódio generalizado anti-gay uns noventa e poucos casos de agressões a homossexuais ocorridos num prazo de quatro meses em São Paulo, mas quem ousará cotejar esse número com a quantidade de agressões cometidas pelos próprios militantes gayzistas num só dia da Parada Gay na mesma cidade? Raciocinando pelo critério estatístico do sr. Mott, diríamos que os gays são um perigo público. A conclusão é absurda, mas decerto menos absurda do que proclamar que eles estão em perigo.

Proibido o senso das proporções, o fingimento histérico e o hiperbolismo paranóico em favor de grupos de interesse tornam-se deveres cívicos indeclináveis. A loucura tornou-se obrigatória, e quem quer que recuse ser contaminado por ela é um criminoso, um réprobo, um doente mental incapacitado para a vida em sociedade.

O sr. presidente da República acaba de dar foros de exigência estatal a essa estupidez psicótica, ao declarar que toda e qualquer oposição ao homossexualismo é “a doença mais perversa que já entrou numa cabeça humana”.

S. Excia reforça suas palavras insistindo em aparecer em cerimônias oficiais ao lado do sr. Luiz Mott, aquele mesmo que discursa sobre arte pornô abraçado à estátua de um bebê pelado do sexo masculino, transmitindo de maneira nada sutil a idéia de que bebês são ou devem tornar-se objetos de desejo sexual como quaisquer outros (se não acreditam, confiram em https://www.youtube.com/watch?v=FlmfZdyk2YA). A propaganda da pedofilia é aí mais do que evidente, mas, ao condecorar o sr. Mott por “mérito cultural” (como se ele próprio tivesse mérito ou cultura), o sr. Lula joga todo o peso da sua autoridade presidencial no blefe cínico que nos força a negar o que vemos e a crer, em vez disso, na encenação oficial de altas intenções humanitárias e culturais. Não há prepotência maior do que exigir que um ser humano sacrifique sua consciência, sua inteligência a até sua capacidade de percepção sensível no altar do absurdo. “Afinal, você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”, perguntava Groucho Marx. Quando a piada se transfigura em realidade, o humorismo se transmuta em palhaçada satânica.

Totalmente insensível ao grotesco da sua performance, o louco sobe à cátedra e dá lições de psiquiatria, catalogando como doentes os que achem que há algo de errado em erotizar a imagem de um bebê, e ainda propondo, como terapêutica, a prisão de todos eles.

E há quem acredite que é possível discutir racionalmente, polidamente, com pessoas como os srs. Lula e Mott…

Fonte: Jornal do Brasil, 12 de junho de 2008

| Send Letter to Editor