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Cardinal Gerhard Müller on EWTN, Oct. 24, 2019.

(LifeSiteNews) – Perante à promoção persistente LGBT dentro da Igreja Católica, o Cardeal Gerhard Müller deplorou a ideologia LGBT, afirmando que o “casamento” de pessoas do mesmo sexo ou até as bênçãos dos mesmos “não estão de acordo com a Palavra de Deus.” 

Numa entrevista ainda não publicada no programa ‘Cara a Cara’ da EWTN, o Cardeal Müller criticou o impulso para que a Igreja se tornasse mais “pro gay,” impulso esse que foi renovado nos últimos dias pelos principais Cardeais e pela Conferência Episcopal Alemã. 

O antigo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), de 74 anos de idade, esclareceu que a actual “especulação” sobre se a Igreja concederia bênçãos ou casamentos a casais do mesmo sexo “não tem base nas Sagradas Escrituras.”

É um pensamento humano que não está de acordo com a Palavra de Deus,” afirmou o Cardeal.  

“Deus criou o homem, não estes sacerdotes que pensam como o mundo de hoje de acordo com uma antropologia materialista, que separam a sexualidade e o prazer sexual da responsabilidade de procriar filhos e filhas,” disse Müller. 

Dirigindo-se àquele clero que insiste na ideia de permitir aos casais do mesmo sexo que se aproximem dos Sacramentos, Müller observou que eles “falam de compaixão,” quando de facto a compaixão, tal como os Sacramentos, “vem de Deus.”

“Há muitos que se distanciaram totalmente da Fé Católica,” afirmou ele. “Apresentam-se como se fossem sacerdotes, mas não são fiéis.”

Em contraste, Müller observou que uma vida “boa” é “quando vivemos de acordo com os mandamentos de Deus,” pois de outra forma “podemos cair em pecado.”

A Igreja não pode ser ‘pro-gay’ nem se conformar com ‘ideologias’

Em Maio de 2021, a CDF divulgou uma nota reafirmando o ensino da Igreja sobre se a Igreja tinha “o poder de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo,” rejeitando firmemente qualquer possibilidade desse tipo.  

Alguns meses antes, em Outubro de 2020, o Papa Francisco já notara a “incongruência” de falar de “casamento homossexual,” mas lançou um apelo pessoal às uniões civis. “Mas o que temos de ter é uma lei de união civil [lei de convivência civil], porque eles têm o direito de estar abrangidos legalmente,” declarou Francisco. “O que temos de criar é uma lei da união civil. Dessa forma, eles ficam legalmente abrangidos. Eu defendi isso,” disse Francisco.  

Falando à EWTN, no entanto, o Cardeal Müller declarou que, em relação às uniões homossexuais, “a doutrina da Igreja é absolutamente clara.” Esta doutrina “tem o seu fundamento na antropologia revelada no Antigo e no Novo Testamento, na criação e também na instituição do Matrimónio como Sacramento, casamento constituído por um homem e uma mulher.”

Enquanto os Católicos “têm todo o respeito por estas pessoas que têm estas tendências,” Müller acrescentou que “por Cristo já não podemos ser ‘pro-gay’ ou não ‘pro-gay.’” 

Müller reafirmou os ensinamentos da Igreja sobre sexualidade e casamento, dizendo “não sabemos exactamente de onde vêm estas tendências, mas a sexualidade tem o seu lugar único, real, moral, e sacramental, dentro do casamento de um homem e de uma mulher.”

Tal ensinamento perene e doutrina consistente estão enraizados “na Palavra de Deus” disse ele, e na “Revelação que se realiza definitivamente em Jesus Cristo.”

“Não podemos mudar conforme as ideologias,” disse o antigo chefe da CDF. Nem a ideologia de género é “uma ciência,” disse Müller, observando que os seus defensores “mudam os géneros de acordo com os seus prazeres. E isso não é uma ciência.”

Enfatizando de novo a adesão da Igreja à Doutrina e não às ideologias modernas, Müller sublinhou que o recurso à “ciência” não é um argumento inabalável. “Até o racismo e a escravatura eram justificados no passado pela ciência,” disse ele. “O comunismo disse que se baseava na ciência.”

Nem o Papa nem os Bispos definem a doutrina 

Müller também defendeu a sua antiga Congregação, a CDF, dizendo que o seu trabalho era “muito importante, porque a tarefa primária e fundamental do Papa não é dar entrevistas, mas sim conservar a doutrina revelada, a Fé revelada.

A CDF tem um papel fundamental de assistir ao Papa nesta matéria, disse Müller, reiterando a impotência do Papa em mudar a Doutrina, numa aparente refutação do apoio do Papa Francisco às uniões civis.   

“A doutrina da Igreja não é definida pelo Papa, por este ou por qualquer outro Papa, nem pelos Bispos. A doutrina da Igreja tem o seu fundamento na Revelação escatológica em Jesus Cristo.”

A Igreja e os seus membros “têm de ser fiéis às Sagradas Escrituras, à Palavra de Deus” e não é “um partido político,” afirmou o Cardeal.  

A defesa de Müller da CDF surge ao mesmo tempo em que o Papa Francisco rebaixou recentemente o Arcebispo Giacomo Morandi, Secretário da Congregação, e a força motriz por detrás da nota de 2021 que proíbe as bênçãos para casais do mesmo sexo. Correu o rumor de que a medida seria uma retaliação ao papel de Morandi no documento, mas, perguntado sobre isto, Müller confessou ignorância quanto aos motivos do Papa. “Pode ser ou pode não ser” um acto de vingança,” disse ele. 

Müller contra os prelados europeus 

Os comentários de Müller surgem na sequência da renovada promoção LGBT entre os prelados de alto nível. O Cardeal Jean-Claude Hollerich, Presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia e Relator Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade, apelou a uma mudança no ensino da Igreja sobre os actos homossexuais. Perguntado pelos jornalistas sobre como abordava a determinação da Igreja sobre o facto de os actos homossexuais serem pecaminosos, este Prelado respondeu: “Creio que isso é falso.”

A Conferência Episcopal Alemã apoiou oficialmente a campanha #OutinChurch LGBT, em que 125 funcionários da Igreja Católica, incluindo membros do clero, revelaram ser homossexuais. A Conferência fez-se eco das palavras de Hollerich, apelando a uma mudança na Doutrina da Igreja sobre a sexualidade, e exigindo que a Igreja “não deve impedir a bênção de Deus e o acesso aos Sacramentos às pessoas e casais LGBTIQ+.”

Entretanto, a 3 de Fevereiro, o Cardeal alemão Reinhard Marx exigiu também uma mudança no ensino sobre a sexualidade, apoiando a ordenação de sacerdotes homossexuais, e sugerindo que deveria abandonar-se o celibato clerical.

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