RICHMOND, Virginia (LifeSiteNews) — Aos 74 anos de idade, faleceu no dia 24 de janeiro de 2022 Olavo de Carvalho, filósofo, escritor e educador brasileiro que se consagrou à vida intelectual e à formação de uma nova geração de conservadores.
Escritor profícuo, publicou mais de uma dezena de livros e centenas de artigos sobre temas diversos. Filósofo legítimo, investigou e decifrou a alma do homem moderno com acuidade ímpar. Educador autêntico, formou uma horda de estudantes formais e informais em cursos, solilóquios e colóquios.
Desde a década de 1980, Olavo de Carvalho foi um dos únicos intelectuais latino-americanos que percebeu, estudou e combateu o domínio da esquerda nas universidades, na mídia e na literatura. Foi ele quem fez conhecidos e lidos no Brasil e outros países autores como Mário Ferreira dos Santos, Roger Scruton e Padre A-D. Sertillanges.
Seu trabalho filosófico de primeira categoria desenvolveu resultados como a teoria das 12 camadas da personalidade e análises profundas de autores como Aristóteles e Maquiavel. Seus textos e aulas, muitas delas gravadas e disponíveis na internet, incutiram em pessoas das mais diversas origens e condições sociais a importância do estudo e da responsabilidade do indivíduo sobre suas ações como um dever moral.
Comunicava-se com facilidade. Escrevia e falava com clareza desconcertante. Com a liberdade e humor peculiares a um homem de sua grandeza e inteligência, Olavo de Carvalho publicava corriqueiramente pequenas frases, textos e vídeos nas redes sociais, muitos deles salpicados de palavrões e furor, quase sempre em função de ser um solitário em meio à ignorância geral, como dizia o próprio.
Em sua mesquinhez, a grande mídia o julgou com base em seus tweets e frases isoladas. Caluniavam-no com ferocidade escandalosa. Sua morte, como tantas outras vezes comprovou em vida, evidenciou a rede homogênea de trabalho que forma a mídia internacional, que repete mentiras e anseios de pequenos grupos até que sejam acolhidas como verdades incontestes pelas massas. Uma simples busca por “Olavo de Carvalho death” no Google retorna notícias de sua morte que amiúde o identificam como “guru” do Presidente Jair Bolsonaro, caracterização inventada pela mídia nacional.
Nada tinha a ver com o governo, a não ser o apoio que externou e a influência que exerceu sobre o Presidente e sobre membros de seu governo, como fez sobre tantos outros que beberam da fonte de seus pensamentos. Como destacava com frequência, não é na arena política que se dá o combate ao comunismo, mas na arena cultural e religiosa. Uma cultura moral é necessária, uma cultura que conserve o que é bom, ético e digno, algo quase inexistente na América Latina e minguante onde quer que ela exista no mundo, inclusive nos Estados Unidos, país onde vivia há 16 anos e onde faleceu. Entretanto, é inegável que foi Olavo de Carvalho o responsável por preparar o terreno para que o maior país católico do mundo elegesse pela primeira vez em décadas um presidente que não fosse de esquerda. Fez isso pela educação e conscientização sobre a guerra cultural dos tempos modernos, não por meio de militância política.
Sua obra e pensamento permanecerão por longo tempo. Como água que escorre pelas mãos, seu legado seguirá seu curso apesar das calúnias da classe dominante socialista. Entretanto, a grandeza e admiração devidas à sua vida e obra devem ser medidas pelos milhares de pessoas que se converteram à Santa Igreja Católica por meio dele. Devoto de São Pio de Pietrelcina e Nossa Senhora de Fátima, Olavo de Carvalho, ou Professor Olavo de Carvalho, como preferem tratá-lo muitos de seus alunos e admiradores, fez um sem-número de pessoas se confrontarem consigo mesmas, julgarem suas próprias condutas e se verem diante de Jesus Cristo como Senhor e Deus. Isso ele o fez por meio de vias intelectuais e da sinceridade com a qual narrava suas próprias experiências. Influenciou sacerdotes e leigos que abandonaram o progressismo e diversas vezes encontraram nele inspiração para não abandonar o caminho de santificação. Converteu ateus e protestantes, que voltaram para a casa do Pai. Ele foi, enfim, instrumento de Deus para salvação da alma de muitos homens e mulheres.
Como explica São Bernardo de Claraval, o homem vive em condição tal que lhe é impossível não pecar. Olavo de Carvalho foi homem, falhou, aprendeu, errou, mas o bem que fez prevalece. Fez-se útil como pôde. Resta-nos trabalhar para dar continuidade àquilo que ele começou. Rezemos em sufrágio de sua alma. Que Deus o receba com misericórdia no céu.